22 de outubro de 2012

O que é loucura para você?

Imagina uma situação: você é demitida do seu emprego. Você está de saco cheio da ausência de movimento na sua vida. Você está na TPM. Faz análise a um tempo, mas não consegue superar seus medos. Recebe R$10.000 de rescisão. Aceita os conselhos de guardar tudo e planejar centavo por centavo para os próximos meses, até que consiga recolocação no mercado. Mas te dá um estalo, você compra uma passagem para uma cidadezinha dos EUA, viaja na próxima semana, fica por lá uma semana e vê que é barato viajar por lá e sai a caça dos grandes sonhos. Vai parar em NY, em um albergue cheio de gente da sua idade, conhece culturas, raças, personalidades e sonhos diferentes, se encanta com cheiros, ruídos e gostos nunca antes experimentados e tem uma sensação até então desconhecida para você, e até demora um tempo para identificar, mas você descobre: liberdade. Se a sorte estiver a seu favor, felicidade plena. E se cavar mais fundo, independência. Isso é loucura?

Hoje peguei o metrô pós enxaqueca, meio dopada de remédios e a cabeça cheia de nuvens flutuantes. Observei as pessoas, todas com as mesmas expressões no rosto, de uniforme de escola, de roupa de trabalho, de biquíni voltando para casa... O tom das conversas era o mesmo em todos os assentos, em todo o vagão: um tom contido. Na saída do metrô, as pessoas andavam no mesmo ritmo, quase como se carregando um saco de areia de 15kg nos ombros. Todo mundo vive de acordo com as regras da sociedade, que diz que temos que levantar cedo, ir trabalhar, pagar as contas, estudar, namorar, casar, ter filhos, ser mãe exemplar, esposa dedicada, mulher não pode beber, homem tem que assistir futebol, casa no campo é o próximo passo. Isso é normal?

Longe de mim julgar quem quer isso, mas onde está escrito que essa, exatamente essa, é a receita para a felicidade? Qual a grande dificuldade em aceitar as diferenças, vontades e sonhos de cada um? É extremamente cansativo tentar convencer alguém que o conceito de normalidade é flexível, adaptável. E que a felicidade, já definida como algo utópico, pode ser encontrada em coisas pequenas e sem noção, e não ser trabalhada desde seu jardim de infância como algo a ser conquistado para apenas usufruir num futuro tão, tão distante.

Talvez (e é muito provável) eu ainda esteja alta de analgésicos, mas tô afim de aplaudir de pé todos que conheço e me são desconhecidos pela coragem infinita de enfrentar a tudo e a todos para viver um sonho, largar essa vida repetitiva e muitas vezes sacal, aqueles que se arriscam e correm atrás de mudanças sem se preocupar com o amanhã. Porque eu, é claro, ainda estou presa às amarras da sociedade.

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